Este menino veio parar a Lisboa como prenda. Demos abrigo cá em casa a um casal de turistas brasileiros durante duas semanas e o elemento feminino trouxe-me esta prenda como agradecimento. Tendo em conta que não nos conhecíamos de lado nenhum e não sabíamos nada uma sobre a outra acho que esta foi uma escolha boa e segura. Mesmo antes de experimentar o óleo já fiquei entusiasmada porque a natura é uma marca de produtos de beleza brasileira que não se vende em Portugal. Leio alguns blogs de lá e com isso sei que ela existe mas nunca pensei vir a experimentar algo da marca.
Parece que ele faz parte da linha Natura Ekos, uma linha que pretende divulgar e valorizar a diversidade do Brasil e é produzida de forma sustentável numa política de proximidade com comércios locais. A andiroibeira é uma árvore mais comum na Amazónia, as suas flores deitam uma fragrância agradável e o óleo das suas sementes tem propriedades emolientes que prometem deixar a pele macia e acetinada. É óbvio que eu nunca tinha ouvido falar da andiroba na minha vida por isso testei o óleo sem saber bem o que esperar.
Hoje, ao escrever este post, fui ao site da marca pesquisar mais informações. Tenho usado este óleo há três semanas seguindo as indicações da senhora brasileira que mo ofereceu. Ela disse-me para o usar no corpo a seguir ao banho como um hidratante normal mas o site diz que o devemos usar no banho, aplicá-lo no corpo todo e enxaguar depois.
É óbvio que devido à sua composição trifásica ele tem de ser bem agitado para os óleos se misturarem, não é? Tal como disse acima, tenho-o usado depois do banho como se fosse um hidratante normal. Aquilo que sempre me fez fugir dos óleos hidratantes foi o medo de que eles levassem imenso tempo até serem absorvidos pela pele; sempre pensei que fossem levar mais tempo que um hidratante em creme. Ainda assim, lá fui meio a medo experimentar o óleo por respeito à Dona Francisca. E valeu a pena porque em dois minutos a minha pele tinha absorvido tudinho, estava sequinha e macia sem estar oleosa, tudo aquilo que eu não esperava.
A pele fica hidratada, sim, mas não faz um trabalho muito diferente de alguns cremes hidratantes que aqui tenho. De qualquer modo, a natura promete hidratação durante 24 horas e uma pele sedosa, macia e perfumada e tudo isso se confirma. Em relação ao perfume, ele é diferente, não conheço nenhum odor semelhante, mas ainda assim agradável. Não fica muito forte apesar de estar espalhado no corpo todo nem dura muito tempo assim. Convém lembrar que eu não o uso da forma que a natura sugere: eu passo-o no corpo ainda molhado mas não enxaguo; ele é absorvido pela pele sem a deixar gordurosa por isso não sinto necessidade de passar água.
Gostei da prendinha e fiquei a pensar no cenário inverso: que produto de beleza nacional iria eu oferecer a uma brasileira? É que a nossa indústria de cosmética ainda não está tão avançada como a delas e sinto que muitas das portuguesas não tem qualquer preocupação no momento da compra em optar por produtos nacionais de forma a apoiar o que é nosso (eu incluo-me aqui). Da mesma forma, a nossa indústria não aposta na qualidade, na divulgação, numa imagem de qualidade... Já aqui escrevi sobre a indústria de vernizes nacional mas incluo nessa crítica toda a indústria de produtos de beleza. Se eu quiser oferecer uma prenda que represente o que se faz em Portugal em termos de beleza o que escolho? Vernizes Cliché e Andreia? De facto em termos de qualidade dão um grande baile aos vernizes Risqué e Impala (as únicas marcas que conheço bem) mas em termos de diversidade de oferta estamos muito atrasadas. E fora dos vernizes, ofereço o quê além dos sabonetes Claus Porto (uma boa dica de uma leitora no facebook)? E que mais? E em termos de maquiagem, o que temos que esteja divulgado e tenha qualidade?