Wednesday, January 12, 2011

Dica: regras para dividir casa com alguém


Ao ouvir as histórias que uma amiga minha tem para contar sobre a sua nova companheira de casa, lembrei-me das minhas (muitas, demasiadas) más experiências ao partilhar casa com alguém. Saí de casa dos meus pais há já alguns anos e como não tenho como viver sozinha, resta-me dividir casa com mais pessoas, desconhecidos ou amigos. Morar com mais pessoas tem imensas vantagens, sobretudo no que diz respeito às despesas. No entanto, também pode ser um pesadelo. Viver com desconhecidos não é o mesmo que viver com os pais (isto se acharmos que os nossos pais têm de aturar quase tudo) e é necessário adaptarmo-nos à forma de estar do(s) outro(s) e deixar tudo definido desde o início. 

Procura de casa/quarto - Ao procurar um espaço para morar o preço é geralmente um factor determinante mas não deve ser o único a ter em conta. Quando vais visitar um quarto que está para alugar é bom reparar sempre no estado em que está a casa. Se nem nessa altura a casa está arrumada, é provável que nunca esteja. Também é bom reparar na forma como as pessoas que lá vivem se dão e se falam muito mal do anterior residente - geralmente dá para perceber se aquele é um espaço com mau ambiente. Ainda mais importante, tenta saber a renda dos outros quartos. Há quem aproveite o aluguer do novo quarto para retirar alguns euros à sua parte da renda e nem sempre isto se reverte em situações justas. Já visitei uma autêntica caixa de fósforos (onde só cabia uma cama de solteiro e uma cómoda - ocupando o quarto todo) pela qual me cobravam 200€ - os outros três quartos, com mais de o triplo do espaço, custavam até 230€.

Regras da casa - Se és fumador ou se te sentes incomodado com o fumo, informa-te sobre possíveis restrições ao consumo de tabaco nas zonas comuns da casa. Pergunta também se existem tabelas de limpeza, se há partilha de comida, se os custos das compras para a casa são divididas, se existem despesas extra (como TV Cabo), etc. Quer concordes com estas coisas, quer não, importa-te estar informado sobre o que te espera caso alugues aquele quarto. E não tenhas medo de parecer "esquisitinho". Se fores o novo elemento numa casa com pessoas que já se conhecem é natural que existam regras já definidas e estares preocupado com elas é um sinal de responsabilidade. Não há nada pior do que situações constrangedoras ou incómodas nos primeiros tempos em que se vive numa casa. Certifica-te que as regras estão estabelecidas e que são cumpridas por todos. A partilha de comida e de produtos de higiene também deve ser definida desde o início. Se pode parecer rude não querer partilhar mercearias também é chato termos de estar a pagar a manteiga mais cara do mercado quando não nos importamos de comer algo barato ou estar a consumir marcas brancas quando preferimos outras. Pode parecer tolo mas é muito importante para quem vive com um orçamento reduzido e tem de fazer cortes no consumo. Já vivi em casas onde se tinha acordado não partilhar compras (como comida e champô) e uma rapariga comia toda a nossa comida, usava os nossos produtos às escondidas e não os repunha. Quando, fartos de lhe chamar à atenção para isso, lhe propusemos começar a dividir as despesas, ela não quis.

Despesas - Não me refiro a coisas como contas mensais mas a despesas extra. Se alguém decide que quer ter TV Cabo em casa convém perceberes se essa é uma despesa que podes comportar e se é algo que te dará jeito. Não tenhas vergonha de dizer que não tens dinheiro para isso ou que achas que é uma despesa desnecessária. O mesmo com mobiliário ou coisas para a casa: não caias no erro de dividir o custo de algum tipo de mobília pois quando chegar a altura das mudanças não poderão dividi-lo ao meio e o mais provável é alguém querer fugir às responsabilidades.

Relações com o senhorio - Escolham uma pessoa para manter o contacto com o dono da casa e tracem bem os limites sobre o direito que ele tem a entrar lá sem avisar enquanto a alugarem. Essa pessoa poderá ficar responsável por receber o dinheiro da renda e transferi-lo, idealmente num dia fixo. Receber uma chamada de uma senhoria aos gritos comigo porque estamos há três meses sem pagar a renda para depois perceber que o rapaz responsável por isso "se esqueceu" e não atende os telefonemas da senhoria é bastante chato.

Amigos em casa - É bom ter a nossa casa cheia de amigos mas pode não ser tão engraçado quando pagamos contas de água e luz astronómicas porque aquele nosso companheiro de casa decidiu fazer daquele espaço uma pensão e tem lá amigos todos os dias. Também é bom não exagerar pelo sentido oposto. Já estive em casas onde me proibiram de receber lá quem quer que fosse. Como nem em casa dos meus pais estava proibida de levar amigos, não o iria aceitar num espaço pelo qual iria pagar, e não aluguei o quarto. O ideal é definir bem as regras neste campo, deixar claro que os amigos são convidados e não podem lá tomar banho todos os dias nem agir como se aquela fosse a casa deles. Se estamos a falar de pessoas barulhentas, convém também estabelecer horas para os receber ou deixar claro que é bom avisar antecipadamente quando se pensa em levar imensos amigos para casa. Isto porque ser acordado por uma dezena de alunos Erasmus aos gritos às cinco da manhã de um dia de semana não é agradável. Assim como não é agradável estares a estudar na véspera de um exame e teres uma festa no quarto ao lado.

Espaços comuns e espaços privados - Os espaços comuns são isso mesmo, comuns, de todos os residentes e não uma extensão do quarto de alguém, onde há lixo, desarrumação, pratos em cima da cadeiras, etc. Se o espaço vai ser usado por todos tem de estar num estado aceitável e lá porque tu não te importas de viver num espaço desarrumado não quer dizer que os outros gostem. Também importa traçar os limites e deixar claro que ninguém pode entrar no teu quarto sem autorização nem tecer comentários sobre a arrumação do mesmo (a não ser que se trate um caso grave de falta de higiene). Vivi com uma rapariga numa altura em que estive numa relação à distância e por isso passava vários fins de semana fora de casa. Com o tempo, comecei a perceber que ela deixava os amigos dela dormir no meu quarto sem a minha autorização. Não uma nem duas vezes, mas durante meses. Conhecidos meus e perfeitos desconhecidos. Pior que isso, sem nunca me pedir autorização. Depois de ter manifestado o meu desagrado, começou a mentir-me e continuou a deixar lá dormir qualquer pessoa. As pessoas estavam tão à vontade com isso que vinham comentar a qualidade do meu colchão, deixavam a cama por fazer, deixavam lá roupa e mochilas... cheguei a encontrar embalagens de preservativos debaixo da minha cama!

Diálogo - É importante estares à vontade com as pessoas com quem moras para poderes falar sempre que acontecer algo que te desagrade. Fazer reuniões de casa é bom para falarem sobre o que vos incomoda ou sobre algo que pensem vir a fazer em casa. As reuniões não têm de ser regulares e idealmente não serão. Importa é que estejas à vontade para falar sempre que acontecer algo que não te pareça correcto. Mais vale conversar sobre o assunto quando ele acontece do que o deixar arrastar até ao ponto de ruptura. Alugar um quarto significa viver com pessoas diferentes de nós e que podem ter também concepções bastante diferentes de como se está numa casa. E isso nota-se em coisas muito simples e do dia a dia. Vivi com uma pessoa que costumava tomar banho e secar o longo cabelo todos os dias às oito da manhã. Só que a casa de banho ficava ao lado do quarto de outra rapariga que tinha horários diferentes dos nossos e isso incomodava-a imenso pois acordava com o barulho e tinha dificuldade em voltar a adormecer. Se não tivesse ido falar com a outra ela nunca se teria apercebido que estava a fazer algo que incomodava os outros.

1 comment:

  1. Olá! Enviei-te um mail a avisar-te de uma coisa que reparei num post anterior teu :)

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