Sunday, August 14, 2011

A história dos cosméticos

Muito recentemente o meu perfil pessoal do facebook foi invadido por pessoas que partilhavam o The Story of Stuff, um vídeo que já tinha visto há alguns anos mas que fiz bem em rever. Nele a Annie Leonard explica-nos como é que o consumismo está a prejudicar o planeta a nível ambiental. Tudo é dito de forma bem simples, com o bê-à-bá completo e com um grafismo bem engraçado. Podem encontrar aqui a versão legendada em português, são 21 minutos bem gastos.

Após este vídeo, que é do ano de 2008, foram feitas outras variantes. Há a história da água engarrafada, a história dos electrodomésticos... tudo vídeos que nos explicam todos os passos desde o fabrico do produto ao momento em que o usamos, ao momento em que ele vai para o lixo e nós achamos que ele desaparece como que por magia. E com isto lembrei-me do vídeo A história dos cosméticos.




De forma muito simples e sucinta, este vídeo fala-nos de uma série de coisas sobre as quais todos deveríamos pensar (não esquecer nunca que isto é feito tendo a realidade norte-americana como centro):

- somos recordados que existem produtos de higiene e cosmética que contêm na sua composição químicos cancerígenos, inclusive champôs para bebés! As marcas "sossegam-nos" com o aviso de que estes estão presentes em quantidades muito reduzidas mas nós consumimos dezenas de produtos com compostos semelhantes e eles sabem-no bem melhor que nós. Além disso, algumas substâncias são extremamente nocivas também em baixas quantidades;

- na década de 50 do século XX existiram subsídios do governo dos Estados Unidos para financiar a pesquisa científica para criar novos e "melhores" produtos (de coisas como plásticos à maquiagem). Com isso foram inventadas imensas substâncias químicas cujo efeito em animais, na natureza e no ambiente em geral era completamente desconhecido - hoje em dia existem dados científicos que ligam essas substâncias ao surgimento de cancro da mama, cancro da próstata, cancro em crianças, problemas de aprendizagem, autismo, asma, infertilidade, defeitos de nascença, transtorno de déficit de atenção e muitos outros problemas que têm aumentado nas últimas décadas;

- da hipocrisia de todas as companhias e marcas que se envolvem em campanhas de recolhas de fundos (recolha dos nossos contributos monetários, não dos deles) para ajudar a combater o cancro da mama quando vendem produtos com químicos que aumentam o risco desse tipo de cancro. Esta prática tem um nome: pinkwashing. Entre as marcas mencionadas estão a Estee Lauder, a Revlon e a Avon. 

- a facilidade com que os produtos são vendidos como "naturais" e a facilidade com que nós acreditamos nisso; vemos muitas vezes produtos que se apelidam de "naturais", com uma série de ingredientes conhecidos incluídos na mensagem publicitária ou anúncios que nos levam para um ambiente ligado à natureza e, no geral, muito mais verdes para nos fazerem acreditar que estamos a comprar um produto com menos químicos e menos nocivo que os produtos da concorrência, quando na verdade incluem tantos químicos como os restantes - o exemplo dado foi o da Herbal Essences (que, já agora, testa em animais). Aliás, vemos o apelo aos nosso lado ecológico em imensas marcas e empresas nos dias de hoje, não só na área da higiene e cosmética, quando, na melhor das hipóteses, são só ligeiramente menos poluentes do que eram antes (lembro-me sempre do exemplo da Galp mas existem outros melhores);

- lembrando que com a internet podemos comprar muitas marcas que não se vendem em Portugal, importa saber que há uma enorme falta de regulação da indústria cosmética nos Estados Unidos da América (como noutros países): além de não ser obrigatório listar todos os ingredientes nos rótulos (abrindo caminho a que certas substâncias sejam omitidas), quem controla e regula a indústria cosmética é... a indústria cosmética, inventando regras que geralmente não são cumpridas ou obrigatórias. No caso europeu, nomeadamente da União Europeia, a utilização ou venda de muitos químicos já foi proibida (ou estabelecida uma quantidade máxima de uso), o que obrigou as marcas a darem a volta aos seus produtos para não perderem os lucros do mercado europeu, apesar de muitas vezes manterem os compostos nocivos em países que não os proíbem;

Em relação a isto há uma série de coisas a fazer. A primeira e óbvia é começar a perceber quais os produtos que seguem realmente uma linha mais "natural" e quais os que usam químicos nocivos para a saúde. Existem sites que nos ajudam a perceber quais são os ingredientes nocivos e em que produtos se encontram. Um exemplo é o EWG's skin deep que faz resenhas de produtos e que os avalia numa série de campos, no seu perigo global, no risco de cancro, etc. Vejam por exemplo a resenha da Firming Foundation da NARS para perceberem como funciona a avaliação. Ao evitarem essas marcas não só estão a zelar pela vossa saúde como estão também a reduzir os lucros das empresas que não se preocupam assim tanto com os consumidores.

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